lixo antropofágico
Expressar a espiritualidade através dos resíduos da humanidade é uma profunda reflexão ao ressignificar a fé.
Lixo Antropofágico
O projeto ‘ O Lixo Antropofágico’ denuncia a extensão do corpo, aquilo que resiste ao tempo e se torna herança depois da morte, retrata o lixo e a utopia da transcendência…
O corpo é a Obra. O desconforto do artista no deslocamento, a inquietação no corpo periférico ocupa a espacialidade dos rejeitos com afeto, o contraste e a aridez do território sucateado a vulnerabilidade da pele e seus descartes.
Atemporal, a obra nos transporta para lutas políticas contemporâneas e questões exigem reflexões acerca do corpo, dos resíduos, das sombras, dos medos ao revelar uma imagem desconstruída e reconstruída por elementos da natureza em sua essência efêmera. ‘Lixo-Antropofágico’ aos rejeitos e sobras da humanidade e a verdade com a natureza das sombras.
A simbologia do território ocupado por lixo na sagrada terra revela um altar com sobras e esquecimento de um rezar profundo e sincero.
A espiritualidade chega no lixão trazendo uma analogia com oferendas em que povos originários ofertavam a terra. Os incas por exemplo agradeciam Pachamama e ofereciam produtos como: licor de chicha, folhas de coca, carne de alpaca, lhama, batata, ganso e outros produtos agrícolas.
O consumo do lixo entre a bifurcação e a união dos povos, no espaço de travessias dos pensamentos, onde angustias e medos se encontram. A materialização da sacralidade humana na prática, em diversos espaços no planeta, a água representada pela pureza e compaixão humana sendo devastada na matança descomunal com a ignorância. Práticas espirituais relevantes ao caos de um só povo, a floresta altar da terra sendo devastada e as sobras exageradas do excesso de consumo do plástico.
O projeto revela a humanidade doentia, mostra o exagero na contaminação do consumo e a produção gigantesca de plástico por todo o planeta terra. A espiritualidade é toda a jornada, na metáfora a comunhão com o divino na presença consciente dos passos escolhidos na terra, a força se faz e refaz no decorrer de uma jornada onde o lixo é sentido através de doenças no corpo e na alma.
A exposição lixo antropofágico desvenda os mistérios de tantas doenças da alma, revelando através da práticas espirituais cotidianas, a oferenda do lixo a sagrada Mãe Terra. Humano de plástico, com falta de presença em sua alimentação, falta de tempo para respirar, seres humanos descartáveis ocupando espaços onde a natureza poderia existir com alimentos, florestas, pássaros e moradia.