Lixo Antropofágico

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Você já rezou seu lixo hoje?

O que a sociedade rejeita, a terra recebe. Lixo Antropofágico transforma resíduos em rito, expondo a oferenda involuntária que lançamos diariamente ao solo sagrado. Cada descarte é um gesto de culto inconsciente – um altar de sobras, excesso e esquecimento.

O corpo, vulnerável e presente, inscreve-se nesse território sucateado, atravessando a precariedade como um fio de reza. O plástico, a sobra, a sombra – tudo retorna. O mangue, o lixão, a terra devastada carregam a marca de uma humanidade que consome sem consciência, que descarta sem devoção.

Oferendar é devolver. Povos originários devolviam à terra alimentos, folhas, resquícios da vida em comunhão. Hoje, devolvemos lixo. A exposição é um espelho da espiritualidade moderna: o que entregamos ao mundo? O que devolvemos ao sagrado?

Lixo Antropofágico é rito e denúncia. Um chamado ao corpo que reza sem perceber, que oferece sem intenção. Na matéria rejeitada, a pergunta persiste: o que você tem ofertado à terra?

A simbologia do território ocupado por lixo na sagrada terra revela um altar com sobras e esquecimento de um rezar profundo e sincero.